sábado, 26 de abril de 2008

O DISCURSO

No último Conselho Nacional do PSD Santana Lopes fez um discurso radical contra o "excesso" de privatizações. Disse mesmo que "o País não aguenta mais o rumo que está a tomar". Ressalvou que têm de existir parcerias público-privadas, mas não como têm sido feitas até aqui.

Santana Lopes, antes do actual, foi o último primeiro-ministro de Portugal.

Hoje, na TVI, a Ana Leal contou a espantosa história da adjudicação do SIRESP, um sistema de informações de emergência e segurança. Custou 500 milhões de euros ao Estado mas ainda só cobre meia dúzia de distritos e todas as minhas fontes no terreno dizem que funciona mal.

O concurso foi lançado às pressas pelo Governo de António Guterres por causa do Euro 2004. Tão às pressas que só um consórcio ligado ao BPN se sentiu em condições de apresentar uma proposta de 500 milhões: multinacionais como a Siemens escreveram a dizer que não havia tempo para apresentar uma proposta séria.

Fomos a jogo sem o sistema, perdemos com a Grécia, mas mantivemos o concurso. O ministro de Santana Lopes, de seu nome Daniel Sanches, com carreira no BPN, adjudicou o concurso já depois do PSD perder as eleições. Pressionou Bagão Félix, ministro das Finanças em gestão, a assinar, com o argumento da "urgência" do sistema, usando até a morte de quatro bombeiros num incêndio.

O PS ganhou as eleições com maioria absoluta. José Sócrates, na campanha, prometeu baixar impostos e depois subiu-os, porque o País continuava de tanga.

O ministro dele, António Costa, pediu pareceres. O Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República disse-lhe que a adjudicação era nula, mas o negócio manteve-se com um descontozinho de 50 milhões.

A PGR investigou o caso, não interrogou os principais arguidos, como de costume excedeu os prazos de inquérito legalmente previstos e arquivou tudo por falta de provas.

Será que nestas eleições os candidatos do PSD vão discutir-se a eles próprios ou falar cá fora alguma coisa que nos interesse?