quinta-feira, 5 de agosto de 2010

OS PERITOS DO FREEPORT

O Ministério Público nomeou um instituto público, tutelado pelo ministro da Obras Públicas e um ambientalista nomeado pelo ministro do Ambiente para realizar as perícias ambientais e urbanística do inquérito Freeport (NOTÍCIA TVI).

quinta-feira, 24 de junho de 2010

ÀS VOLTAS NO SNS


Nunca fui um entusiasta dos casos particulares no jornalismo, pese embora trabalhar na televisão. Mas a saga de Rui Baptista no Serviço Nacional de Saúde parece-me particularmente luminosa na sua tragédia. Cá temos um pequeno retrato de um paradigma de governação estafado que despeja dinheiro sobre os problemas, sem os resolver. Quanto se desperdiçou com a gripe A, que mata menos do que a gripe normal? Só em vacinas, cuja eficácia não estava e não está demonstrada, foram 45 milhões. O que se poderia fazer com esse dinheiro? E quanto se pouparia se houvesse regras mínimas, por exemplo, de prescrição? É permitido receitar no ambulatório quatro antibióticos em quatro dias (até quinolonas). É permitido atender um doente uma, duas, três, quatro, cinco vezes sem o examinar seriamente e, já agora, tratar. Claro que assim os hospitais privados podem cobrar o que quiserem. Pela prosaica razão de que ninguém está disposto a morrer aos 28 anos porque o sistema informático está avariado, porque o aparelho de medir oxigénio está fechado e a médica não tem a chave, porque chamadas telefónicas e um roteiro turístico pelos centros de saúde não curam ninguém.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

PARA MEMÓRIA FUTURA

"Sim, houve participação governamental (em particular com origem no primeiro-ministro e executada por quadros do PS colocados em posições cimeiras em empresas em que o Estado tem qualquer forma de participação directa ou indirecta) numa tentativa de, em ano eleitoral, controlar vários órgãos de comunicação social, nomeadamente a TVI".

"Sim, o primeiro-ministro sabia, foi informado pessoalmente do que se passava e, por via indirecta, conhecemos indicações suas sobre o modo como os executantes deviam proceder. E, por isso, mentiu ao Parlamento. Ele não queria ter a fama (de controlar a comunicação social), sem ter o proveito (de a controlar de facto) e procedeu e permitiu que procedessem em consequência, conforme as suas intenções publicamente anunciadas no congresso do PS."

Pacheco Pereira, Deputado

Terminou a comissão de inquérito. A desconsideração que a maioria dos portugueses tem pela Liberdade, permitiu o que permitiu. Está feito. Mas não teria valido a pena sancionar o precedente claramente, por um futuro mais limpo? Pergunto-me se os militantes socialistas, os deputados socialistas e os socialistas em geral pensarão nisso. E quando um dia outra maioria se apoderar do Estado e aproveitar a espantosa vulnerabilidade das "grandes empresas" para diminuir as notícias e impôr a sua propaganda? Estarei, como jornalista, disposto a ouvi-los - a quase todos, porque a paciência tem limites.

FRASES QUE IMPÕEM RESPEITO

"O SENHOR DEPUTADO RICARDO RODRIGUES É MENTIROSO."

"A VERDADE NÃO SE ESCONDE NO BOLSO."


João Semedo, Deputado.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

FOI O ESTADO DE NECESSIDADE

"Irreflectidamente, tomei posse de dois equipamentos de gravação digital"



"O senhor primeiro-ministro não mentiu e o Governo não interferiu no negócio da PT com a TVI"






domingo, 30 de maio de 2010

FIGO É UM FIGO, NÃO É CHICO



Afinal a história está mal contada. Não foi Chico Buarque que quis conhecer o primeiro-ministro na sua viagem ao Brasil, como foi divulgado pela imprensa portuguesa. Foi José Sócrates que pediu esse encontro. "Foi o vosso ministro que pediu o encontro. Aliás, nem fazia muito sentido eu pedir um encontro e o vosso primeiro-ministro vir ter à minha casa", disse o músico e escritor brasileiro ao PÚBLICO, através de correio electrónico. Chico Buarque ficou bastante indignado ao saber que a imprensa nacional estava a contar uma versão bastante diferente.

sábado, 6 de março de 2010

O SEGREDO, O PROJECTO E A ASSINATURA

NOTÍCIA TVI

PROCURADORIA SOB SUSPEITA

O despacho do procurador-geral da República que iliba José Sócrates de suspeitas de crime de «Atentado ao Estado de Direito» chegou a várias redacções ainda antes de ser assinado.
A eventual violação do segredo de justiça pode, por isso, ter tido origem na própria Procuradoria-Geral da República, antes de Fernando Pinto Monteiro ter remetido o seu despacho para o Tribunal de Aveiro.
Ou seja, a ser assim, a fuga ao segredo de justiça teria tido origem no gabinete do próprio Pinto Monteiro, ou de terceiras pessoas a quem tivesse dado prévio conhecimento das suas conclusões jurídicas.
Confrontado pela TVI, Pinto Monteiro refere apenas que «uma coisa é o projecto de despacho, outra é o despacho propriamente dito, que pode ter alterações».
Por outro lado, o jornal Correio da Manhã refere que o procurador-geral da República fez assinaturas diferentes nas cópias do seu despacho que remeteu, formalmente, a outros actores judiciais, com o alegado objectivo de despistar a origem de eventuais fugas ao segredo de justiça.
Ora, nos termos do seu despacho, Pinto Monteiro remeteu cópias ao procurador-distrital de Coimbra, Braga Themido, e ao próprio presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha Nascimento.
A TVI perguntou a Pinto Monteiro se, de facto, assinou essas cópias de forma diferente por desconfiar de posteriores violações ao segredo de justiça. «A notícia do Correio da Manhã, tal como está escrita, não corresponde à verdade», foi a resposta do procurador-geral da República.


Perguntas enviadas pela TVI a Pinto Monteiro:

1) Confirma que, como hoje noticia o Correio da Manhã, fez assinaturas diferentes na versão original desse despacho, remetido ao processo conhecido como "Face Oculta" e nas cópias enviadas ao Procurador-Geral Distrital de Coimbra e ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça?
2) As diferentes assinaturas tiveram por objectivo marcar eventuais e ulteriores violações do Segredo de Justiça?
3) Enviou a alguma entidade uma versão do despacho antes de a assinar?
4) Tem alguma explicação para o facto de alguns órgãos de comunicação social terem recebido o referido despacho numa versão sem assinatura?

Resposta da Procuradoria-Geral da República:

"Uma coisa é o projecto de despacho, outra é o despacho propriamente dito, que pode ter alterações.
A notícia do Correio da Manhã, tal como está escrita, não corresponde à verdade".

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O FIM DA MAGIA

Em Setembro, pouco antes das eleições, escrevi aqui um "post" inofensivo como os outros, com este título e a fotografia de José Sócrates a fingir controlar o derrube de um torre em Tróia.

Juntei-lhe um excerto do "Índio", de Caetano Veloso, que decorei desde a primeira audição:

E aquilo que nesse momento/ Se revelará aos povos / Surpreenderá a todos / não por ser exótico / Mas pelo facto de poder ter sempre estado oculto /Quando terá sido / o Óbvio

Uns tontos do 24 horas, que na altura publicaram as maiores falsidades de que tenho memória, escreveram no jornal deles, sem me perguntar nada, que se tratava do meu comentário à suspensão do Jornal Nacional de Sexta. Não era. Como não tenho vocação de professor primário deixei passar.

Acredito que agora até eles percebam a encenação, a vergonha e o erro.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

PORTUGUESES

A profissão mudou-me o pensamento como eu não era capaz de imaginar, para o pior e para o melhor.

Eu hoje sei que este país é uma teia desqualificada de tráfico de influências e ignorância, uma merda poderosa como o fascismo.

Mas também conheci portugueses à séria. Gente que trabalha, estuda e consegue manter o emprego sem partir a coluna, a face e a dignidade.

Esta reportagem permitiu-me conhecer vários, o que para mim é sempre uma grande notícia.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O TGV (4)

"Lisboa pode, por exemplo, transformar-se na praia de Madrid. Enfim, temos condições turísticas, as condições que nós temos para desportos novos, como o surf (...)"

"Quando o comboio foi introduzido no Século XIX provavelmente as carroças, que eram puxadas a cavalos caíram e se calhar na altura os agentes económicos que estavam ligados à exploração das carroças, e que levavam as pessoas, ficaram extremamente tristes, e todas as indústrias que estavam associadas, a indústria da palha, por exemplo, reparem, os industriais que estavam preocupados com o abastecimento da palha para os cavalos ficaram preocupadíssimos, porque de facto a sua indústria caíu"

António Mendonça, Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações

sábado, 9 de janeiro de 2010

A VINGANÇA

Conta o "Sol", melhor jornal português da actualidade, que os "ferristas" (sic) ficaram muito, mas mesmo muito "indignados", com a possibilidade de o ministro da Justiça ter convidado Souto Moura para presidente do Centro de Estudos Judiciários. Os socialistas-ferristas, apesar do caso andar há tanto tempo embrulhado no tribunal que já ninguém suporta ouvir falar dele, "não se esquecem do Processo Casa Pia".

O ex-PGR tornou-se um alvo a abater desde o momento em que revelou independência. Para os socialistas-ferristas ele devia, obviamente, ter chamado os magistrados que investigaram o caso e obrigá-los a enterrar à nascença qualquer investigação às denúncias feitas no processo por menores da Casa Pia contra socialistas-ferristas ou outros políticos aproximados.

Claro que isso teria sido uma violação grosseira à autonomia desses magistrados, legalmente consagrada, aos mais elementares direitos de personalidade dos denunciantes, constitucionalmente garantidos, e à mais indispensável regra democrática, alegadamente conquistada no 25 de Abril, de que somos todos iguais perante a lei. Pormenores, para os socialistas-ferristas, eventualmente interessantes para erguer como bandeira em discursos e para comentar casos em que os visados são os outros, ou qualquer um de nós. Para os socialistas-ferristas Souto Moura, se fosse um bom PGR, teria agido como eles esperam de um PGR: teria cortado o processo pela raiz, obrigando os magistrados a decapitar os indícios e, caso eles não obedecessem, cortava-lhes de imediato a cabeça.

Como Souto Moura não fez sangue com a cabeça dos outros, serviu-se ele próprio numa bandeja a um poder político que adora carregar a Democracia pela boca mas tribal e vingativo até aos ossos. Como diz o povo, o PGR pôs a cabeça no cepo. Pedro Adão e Silva, socialista-ferrista que fez parte do secretariado do Ferro Rodrigues, quer guerra. O suposto convite, desmentido ao Sol pelo Gabinete de José Sócrates, deixou-o "chocado". A guerra não se faz com desmentidos de primeiro-ministro: a palavra dele, afinal, neste assunto não é suficiente. Adão "duvida" que o convite seja "do agrado" de José Sócrates, mas está convencido de que o ministro Alberto Martins se atreveu a fazê-lo. "Isto parece fazer parte de uma tendência conciliadora que não é boa conselheira", afirma o beligerante.

Não ocorre aos socialistas-ferristas qualquer mérito a Souto Moura para presidir ao CEJ, mesmo que ele tenha chegado a Juiz-Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, degrau mais alto da carreira de um magistrado, e respire os mesmos ares de, por exemplo, um Noronha Nascimento. Adão, um entendido na matéria que anda a ser desperdiçado na política, acha que "os magistrados estão necessitados de uma formação muito diferente". Já Ana Gomes, perita em muitas matérias e nesta também, considera que Souto Moura "não tem vocação nem especial dinamismo" para dirigir uma escola de magistrados.

Souto Moura já pagou a independência com o cargo e com o permanenete enxovalho público, mas terá de continuar a pagar por ela para o resto da vida. Como o juiz Rui Teixeira, a quem os conselheiros designados pelo PS no Conselho Superior da Magistratura quiseram congelar a carreira, sob o aplauso de Ana Gomes e outros socialistas-ferristas. Isso de o juiz ter ganho o recurso em tribunal foi esquecido, mas o processo Casa Pia não. O facto de Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues e Jaime Gama terem perdido todos os processos por difamação contra os rapazes que os denunciaram também não tem valor relevante. O processo principal, que como toda a gente sabe correu bem embora lento, não está esquecido.

Souto Moura, se fosse convidado, faria bem em recusar o convite.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O TGV (3)

A comissão parlamentar de Obras Públicas, Transportes e Comunicações aprovou as audições de Manuel Moura, primeiro presidente da RAVE, e de actuais responsáveis da empresa para prestar esclarecimentos sobre o projecto português de alta velocidade ferroviária (TGV).

O requerimento para a audição de Manuel Moura, primeiro presidente da RAVE – Rede Ferroviária de Alta Velocidade, apresentado pelo grupo parlamentar do PSD, foi aprovado por unanimidade durante a reunião de ontem da comissão parlamentar de obras públicas.

O pedido do PSD surgiu depois de, no início de Dezembro, Manuel Moura ter qualificado, em declarações à TVI, o projecto de alta velocidade como um “erro histórico”, que vai sair caro à economia portuguesa.

(Agência Lusa, na íntegra aqui)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O TGV (2)

Comunicação de António Brotas, professor do IST, especialista em Transportes, no dia 13 Dez 2009, no encontro de José Socrates com militantes do PS na FIL:

«Caro Sócrates,

Desejo-lhe dizer 2 ou 3 coisas que escrevi. Entro imediatamente no assunto e leio:

1-Estou convencido que o Governo tem condições para governar e que vai governar 4 anos. As Oposições farão o seu trabalho, umas vezes bem, outras pior, é lá com elas.
O PS só deverá ter uma linha de rumo, um objectivo: governar bem.
Para isso, o conselho que lhe dou é o de que oiça mais o PS.
Não unicamente em encontros como este mas, sobretudo, fomentando, estimulando a actividade, e ouvindo gabinetes de estudo (do PS) que hoje praticamente não existem.

2- Desejo felicita-lo pela decisão anunciada, ontem, do arranque em 2010 das obras da linha de bitola europeia de Caia ao Poceirão, a integrar na futura linha de Lisboa a Madrid.
Esta linha de Lisboa a Madrid vai ser a nossa primeira, mas não única, ligação à rede europeia de bitola europeia. Sem estas ligações o país ficaria uma ilha ferroviária o que seria terrivel para a nossa Economia. O governo socialista deve ser felicitado por dar este primeiro passo para a sua concretização.
Este primeiro troço de Caia ao Poceirão é já muito importante mas, para ser verdadeiramente benéfico a curto prazo, necessita de um pequeno acrescento.
Não tem sentido terminar uma linha de alta velocidade numa plataforma logística, aliás, ainda não construida. Esta linha vinda de Badajoz deve seguir até ao Pinhal Novo onde há uma estação que serve os comboios da FERTAGUS e para o Algarve.
São necessários mais 15 km para a nova linha chegar a esta estação. É a maneira de começar a ser benéfica a muito curto prazo.Para o Poceirão deverá ser feito um (ou mais do que um) desvios laterais para os comboios de mercadorias de baixa velocidade.
Estou certo que se chegará a esta solução quando o assunto for estudado em detalhe.
Enviarei ao Senhor Secretário de Estado dos Transportes dentro de 2 ou 3 dias uma nota sobre este assunto.

3- Um outro assunto paralelo, mas distinto, é o das ligações ferroviárias do porto de Sines.
O Senhor Ministro do Fomento de Espanha veio-nos há dias dizer que a Espanha tem um grande interesse na ligação ao porto de Sines por uma linha de bitola europeia.
Este interesse de Espanha coincide inteiramente com o nosso.
O que precisamos de fazer, quase imediatamente, é uma linha de bitola europeia de Sines ao Poceirão, que assegurará a conveniente ligação a Espanha.
Interessa-nos, além disso, melhorar a ligação por bitola ibérica de Sines ao Poceirão, porque no Poceirão converge a nossa actual rede de bitola ibérica que continuará em funcionamento por mais duas décadas.
O trajecto natural que se impõe para a nova linha é o trajecto directo Norte Sul (já parcialmente estudado). Os elementos expostos parecem indicar que esta linha deva ser uma linha de baixa velocidade, com duas vias, uma de bitola europeia e outra de bitola ibérica, que sirva o litoral alentejano inclusivé para o trânsito de passageiros.
Esta obra está inteiramente ao alcance das nossas empresas, os benefícios serão imediatos e os custos relativamente diminutos.
Em vez disso, a RAVE e a REFER, que não acreditam na migração rápida da rede espanhola da bitola ibérica para a bitola europeia, insistem em fazer uma linha de bitola ibérica de Sines a Évora.
Esta linha é um verdadeiro absurdo que não serve a Espanha e prejudica Portugal, porque deixa Sines com uma péssima ligação à nossa actual rede de bitola ibérica, e porque seria quase um apelo para a Espanha retardar a modernização da sua rêde.
Bem ao contrário, na próxima cimeira de 2010 Portugal deve fazer um apelo a Espanha para não o fazer.»

domingo, 3 de janeiro de 2010

O PROBLEMA DA REALIDADE

«Caros Amigos, chegamos ao fim de 2009 num quadro de completa desilusão. Muitos de nós acreditaram, em 2005, num projecto mobilizador de transformação da sociedade e de modernização do país. Parecia evidente que o PS sob a direcção de JS tinha condições para fazer o país avançar libertando-se da teia dos interesses e rompendo com as capturas corporativas.
Também na Saúde tal pareceu possível. Puro engano».


"SNS", in SaúdeSa

«Acho que há carência de alma e de projecto no país e já não é de hoje».

Vítor Ramalho, presidente do PS - Setúbal