quarta-feira, 7 de março de 2007

OBJECTIVIDADE E JORNALISMO

Tendo eu recebido alguns comentários interessantes ao meu "post" anterior, percebi a necessidade de esclarecer melhor o que me leva a atacar o conceito de "objectividade" na minha profissão.

Voltarei ao assunto assim que reunir tempo e concentração suficientes. Para já, gostaria apenas de dizer que o conceito de "objectividade" é uma má máquina de pensar o jornalismo e um mau critério para o discutir.

Parece-me mais útil abandoná-lo à procura de outros conceitos mais eficazes. A minha experiência leva-me a aderir aos quatro conceitos propostos por Dan Gillmor, originalmente citado por Luís Santos, professor de Comunicação Social da Universidade do Minho ( http://atrium.weblog.com.pt/arquivo/176820.html).

Gosto destes quatro, mas é óbvio que pode haver outros capazes de proteger com eficácia o que interessa. E o que interessa, para mim, são os bons valores que deram origem histórica a um modelo de jornalismo teorizado em torno da "objectividade". Esses valores são postos em causa quando a "objectividade" se profissionalizou tanto que deu origem a retóricas eficazes, capazes de catapultar as audiências de produtos de informação de grande consumo, mas muitas vezes enganadoras e, por isso, perigosas.

Antes de passar a citar, deixo a nova morada do blog de Luís Santos (que nunca contactei pessoalmente), a todos os títulos interessante para consumidores de informação:

http://atrium.wordpress.com/


O fim da objectividade

"Talvez esteja na altura de nos despedirmos carinhosamente desse velho pilar do jornalismo: a objectividade". É com esta frase que Dan Gillmor abre um texto polémico onde nos diz que muito do que foi construído em cima deste conceito tem apenas fundamentação empresarial e legal. Gillmor acrescenta, porém, que não devemos esquecer-nos dos princípios e valores que suportam o conceito, por forma a implementarmos quatro ideias menos ambiciosas e mais aptas a aplicação num novo ambiente mediático.


1 - Exaustividade (Thoroughness): fazer mais uma chamada, contactar mais uma fonte, confirmar mais um dado, ouvir mais um leitor/ouvinte/telespectador;

2 - Precisão (Accuracy): sempre os dados correctos;

3 - Equidade (Fairness): ouvir as várias posições e incorporá-las no trabalho (que não a "preguiça" de replicar mentiras ou distorções só para alcançar alguma equivalência, mesmo na presença de uma situação de claro desiquilíbrio), aceitar as correcções e precisões de quem lê/vê/ouve;

4 - Transparência (Transparency): a abertura é factor de credibilização do jornalismo; importa fazer todas as referências a materiais usados (links) e importa viver de forma equilibrada - atenta e consciente - com os nossos pre-conceitos (sou português, nasci nesta terra, tenho estes amigos, gosto deste clube de futebol, simpatizo com aquele político...).

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