quarta-feira, 4 de abril de 2007

TESE DAS URGÊNCIAS

"Índice de Gravidade no Politraumatizado" é a tese de doutoramento de Jorge Mineiro, cirurgião ortopedista que durante anos foi assessor da direcção da Urgência do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e hoje é director clínico do Hospital CUF-Descobertas.

Jorge Mineiro, que eu não conhecia até me terem falado deste documento, é mais um caso de uma perigosíssima tendência hemorrágica de quadros do SNS. Cada vez são mais os cirurgiões e especialistas, muitos deles de topo, que optam por trabalhar exclusivamente em hospitais privados. Ao ler a tese sente-se institivamente que o autor é profundamente apaixonado pela medicina de Emergência. Pergunto-me, no caso dele como de tantos outros, o que o terá levado a mudar para um cenário mais pobre desse ponto de vista. E pergunto-me porque será que não há políticas dirigidas à extinção desta hemorragia de quadros. O SNS está a perder qualidade. Pressinto que os poderes vão acordar tarde para o problema, como acordaram para as vagas de Medicina.

A tese, infelizmente, está esgotada. Foi objecto de uma pequena edição, impressa na Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa, e julgo eu que nenhum editor se importou mais com ela. É pena.

Ontem teve "honras" de abertura do Jornal Nacional (uso esta expressão, embora não goste muito dela, por ser a preferida das organizações de toda a sorte que vivem dessas aberturas e se preocupam em contabilizar quem as protagoniza - é a minha pequena ironia). Mas uma peça de televisão, limitada a dois minutos (quem passa a vida a queixar-se de que os telejornais são grandes demais deve abster-se de considerações neste ponto), tem uma força enorme de divulgação de um objecto cultural, mas é frustrante se o objectivo for conhecê-lo profundamente.

E, neste caso, valia a pena que todos os interessados pudessem conhecer melhor a investigação e os resultados de Jorge Mineiro, sobretudo numa altura em que se discute uma reforma estratégica do nosso sistema de emergência, que é uma oportunidade única de melhorar a prestação dos nossos serviços de saúde e de salvar vidas, mas que comporta riscos, sobretudo se houver erros (ou mais propriamente falhas) na sua execução.

Tentarei, num próximo "post", fazer um relato jornalístico mais desenvolvido do que li, mas preciso de tempo e de ponderação. O assunto é sério, exigente e eu não disponho de todas as competências (médicas, estatísticas e por aí adiante).

http://www.tvi.iol.pt/informacao/noticia.php?id=793790

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