quarta-feira, 30 de setembro de 2009
DAS FONTES
Invocar aqui delações, divulgação de fontes ou violação de correspondência é desonesto".
Mário Crespo, in Jornal de Notícias
O que eu penso já partilhei aqui. Mas interessa-me a opinião contrária, de um jornalista que respeito. Descontando o tom apologético, só uma discordância insanável.
Por maior importância que se atribua ao "assunto principal", a questão da divulgação de fontes confidenciais não pode ser relativizada.
As fontes confidencias de informação são um património imprescindível do jornalismo, da democracia e da Liberdade.
No dia em que as potenciais fontes confidenciais de informação tiverem medo de contactar jornalistas está tudo acabado.
domingo, 27 de setembro de 2009
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
A PALAVRA JUSTA

Não conheço Fernando Lima de lado nenhum, nem sequer saberia reconhecer-lhe a voz.
Nunca votei Cavaco.
Mas esta notícia agrada-me.
A nenhum jornalista deverá ser dado o direito a "fazer a folha" a Fernando Lima por ele eventualmente ter vindo contar uma notícia, por mais falsa que fosse.
Denunciar fontes é uma pulhice.
Quando um jornalista publica é porque acredita, caso contrário não seria digno de ser lido.
Quando um jornalista publica é porque está preparado para assumir as suas responsabilidades. Perante um leitor, um juiz e até um carcereiro.
Sem nunca gritar "ò da fonte!".
Denunciar fontes dos outros é o dobro da pulhice, um dobro tão grande que não consigo encontrar uma palavra suficientemente justa.
domingo, 20 de setembro de 2009
CONTRAMUNDO, CANÇÃO GALEGA
Eu (io)chorar chorei o domingo a tarde
Que veña Lorenzo
Que diga a verdade
Que diga a verdade pero con cautela
A NEGRA
RDP/ANTENA 1
Mas vale a pena ouvir, na íntegra, a entrevista de Maria Flor Pedroso a José Sócrates.
O excerto que se segue é uma explicação possível para a inesperada negra. Mas tal não se afirma aqui porque para se dizer qualquer coisa, por mais óbvia, por ora é preciso "provas".
sábado, 19 de setembro de 2009
JORNALISMO E PODER

Obviamente, a corrente dominante da crítica de jornalismo publicada nos últimos meses não resiste minimamente aos factos, como estes expostos aos olhos de quem compra o Público, lê o caderno P2 e encontra a crónica de Eduardo Cintra Torres (ECT).
Só que ECT, para desgraça de quem gostaria de ver a sua profissão discutida democraticamente, em bases racionais, vai raramente à televisão. Nos últimos meses, a crítica de jornalismo no meio que verdadeiramente chega a todos os portugueses tem sido reservada a vultos do jornalismo independente como José Lello, Arons de Carvalho ou mesmo José Sócrates.
Claro que também há Estrela Serrano, o jornalista Orlando do conselho-deontológico-que- esconde-os-votos-de-vencido e directores de grandes jornais de investigação, como o "DN" ou o "24 Horas", e tanta outra gente desinteressada a "malhar" no mesmo sentido.
Fico-me com os factos.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
A "encomenda"
Essa fonte foi identificada até onde era possível, nos termos do livro de estilo do Público, mas sem violar a decência de um contrato verbal de confidencialidade estabelecido entre o jornalista e a sua fonte, de resto protegido por qualquer manual de Jornalismo e até mesmo no código deontológico português:
"O jornalista deve usar como critério fundamental a identificação das fontes. O jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, excepto se o tentarem usar para canalizar informações falsas. "
O "DN", hoje, publica correspondência privada entre jornalistas do Público.
Trata-se de uma opção editorial arriscada.
Desde logo, nos termos do referido código deontológico português:
"O jornalista deve utilizar meios leais para obter informações, imagens ou documentos e proibir-se de abusar da boa-fé de quem quer que seja".
Depois, porque o "DN", que em tempos ficou famoso por divugar as próprias fontes, surpreende agora ao denunciar as fontes da concorrência. João Marcelino, numa nota da Direcção, justifica a publicação desta correspondência privada com o "interesse nacional".
A minha primeira pulsão, como jornalista, não será nunca a de criticar a divulgação por um jornal de informação que os seus jornalistas acreditam ser verdadeira, por mais que relativize a visão de cada um quanto ao "interesse nacional".
Mas há uma questão de decência.
Se o "DN" acha que pode invadir ou beneficiar da invasão de correspondência privada, ainda por cima para denunciar fontes confidenciais de informação de jornalistas de um jornal concorrente, deve ser consequente.
Quem é a fonte do "DN"?
Em nome do "interesse nacional" de João Marcelino, qualquer leitor que tenha comprado o "DN" de hoje tem o direito de perguntar:
Quem é a fonte do "DN"?
Se o "DN" acha que as fontes de informação podem ser divulgadas - e que nalguns casos de "interesse nacional" devem ser denunciadas - deve ele próprio denunciar:
Quem é a fonte do "DN"?
No caso em apreço, não é só uma questão de decência.
A traição do "DN" à sua fonte pode esclarecer a questão de fundo. Quem, em Portugal, anda a violar a correspondência de jornalistas? Será o SIS ou um gabinete ad-hoc de informações? E ao serviço de quem?
A notícia do "DN" é a materialização que faltava de um facto que porventura queria ridicularizar, no que à Presidência da República possa dizer respeito: há escutas e violação de comunicações privadas em Portugal, feitas à margem da lei e politicamente orientadas.
Depois, há outro problema.
O "DN" qualifica um contrato estabelecido entre uma fonte de informação e um jornalista do Público como "encomenda".
O termo "encomenda" qualifica, obviamente, os jornalistas que o usam.
O "DN" reconhece às suas fontes confidencias de informação interesse para alguma coisa? Ou acredita, como parece, que só recebe "encomendas"?
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
BRAÇOS DESCIDOS
Trata-se de cada comunicador, por sua conta e risco, ter medo de dizer ou escrever o que pensa ou o que sabe. Manter o emprego e alinhar com a voz imperante é mais cómodo.
É mais do que consequente que esta falta de liberdade, um dos valores perdidos nos arranjos de interesses encadeados, está a conduzir, se não a provocar, a crise do sistema democrático
D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa, in Correio da Manhã