quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

112? AGUENTE AÍ, NÃO DESLIGUE!

"Não existem chamadas não atendidas pelo CODU de Lisboa e Vale do Tejo. O que existe efectivamente são chamadas que, sendo registadas na central telefónica, são abandonadas, são desligadas, pelo contactante na origem.

De facto, o tempo do contactante é um tempo psicológico que por vezes o leva a desesperar e a desligar.

Quando o contactante desliga a chamada qual foi o tempo que ele esperou pelo atendimento? Pois em média, nessas chamadas desligadas, o tempo médio foi de 55 segundos".

Tenente-Coronel Abílio Gomes, Presidente do INEM

Confesso que esta explicação do Presidente do INEM aos deputados da Comissão Parlamentar de Saúde não me poderia, digamos assim, ter surpreendido mais.

Já para a referência dele às "fontes sem ética", que andam para aí a "difundir" as centenas de chamadas perdidas pelo CODU de Lisboa, estava meio preparado. Isso mesmo: 50 %. Como não conheço o presidente do INEM e recebi de gente sensata boas referências dele, ainda tinha esperança de o ver cair para o outro lado.

Enfio já, com gosto, a carapuça. As "fontes sem ética" sou eu, que não me tenho cansado de difundir reportagens sobre este assunto na TVI.

Como fonte sinto-me encorajado a difundir aqui mesmo mais uma informação. Quanto à ética, fica para o fim.

Eu próprio liguei para o INEM e não fui atendido. Foi às 00:49 da madrugada do último Domingo. Para que não haja confusões: CODU de Coimbra.

Liguei por causa de um acidente na estrada entre a Bodiosa e S. Pedro do Sul. Estava um carro caído numa ravina e, com o breu da noite, ninguém sabia se o condutor estaria inconsciente lá em baixo.

Por isso, quando por acaso cheguei ao local, já várias pessoas tinham ligado 112. Sugestionado com tanta miséria que tenho visto para fazer reportagens sobre as ausências do INEM noutros sinistros, liguei directamente aos Bombeiros Voluntários de S. Pedro do Sul, que chegaram primeiro.

Quando o condutor regressou ao local, ileso, todos suspirámos de alívio. Achei que era minha obrigação ligar ao INEM para desmobilizar o meio. Só à segunda fui atendido. A operadora, impecável, agradeceu o meu gesto. Aproveitei para lhe perguntar se estavam com algum problema lá na central porque à primeira não tinha sido atendido. Percebi que a pergunta era incómoda, mas lá me foi explicado que, às vezes, o mau tempo dificulta as linhas.

Para o fim, informo com a ética toda. Não desliguei a primeira chamada. Foi a própria que se fartou daquele apito monocórdico e caíu. Se o Presidente do INEM estiver disponível para ser minha testemunha movo já um processo à Vodafone.