quarta-feira, 13 de abril de 2011

A DANÇA FÚNEBRE

«Bem-vindo, Poul Thomsen, trazei dinheiro para as nossas dívidas, mas sobretudo trazei pujança contra esta cagança e bom-senso para a nossa liderança. Os que cá estão endoideceram. Continuam a falar de um país que já não existe. E a que eles próprios ajudaram a cavar a sepultura, dançando agora sobre ela, sem pudor nem decência.
(...)
Em vez de uma marcha fúnebre, temos um cortejo de carnaval. José Sócrates conseguiu, dois dias depois de o País se ajoelhar, produzir o seu mais irreal discurso de sempre. O Congresso do PS encenou um triunfalismo que é ofensivo para um País intervencionado. Foi um delírio colectivo triste, um comício com o fanatismo de Vasco Gonçalves, uma propaganda alucinógena. Leni Riefenstahl, a cineasta de Hitler, ter-se-ia comovido.»

Pedro Santos Guerreiro
Jornal de Negócios

sábado, 9 de abril de 2011

PARA COMPREENDER DE VEZ O "CONGRESSO" E AS "NOTÍCIAS"

« Bom, dado o que está em causa é tão só o futuro dos nossos filhos
e a própria sobrevivência da democracia em Portugal, não me parece
exagerado perder algum tempo a desmontar a máquina de propaganda dos bandidos
que se apoderaram do nosso país. Já sei que alguns de vós
estão fartos de ouvir falar disto e não querem saber, que sou
deprimente, etc, mas é importante perceberem que o que nos vai
acontecer é, sobretudo, nossa responsabilidade porque não quisemos
saber durante demasiado tempo e agora estamos com um pé dentro do
abismo e já não há possibilidade de escapar.

Estou convencido que aquilo a que assistimos nos últimos dias é uma
verdadeira operação militar e um crime contra a pátria (mais um). Como
sabem há muito que ando nos mercados (quantos dos analistas que dizem
disparates nas TVs alguma vez estiveram nos ditos mercados?) e
acompanho com especial preocupação (o meu Pai diria obsessão) a
situação portuguesa há vários anos. Algumas verdades inconvenientes
não batem certo com a "narrativa" socialista há muito preparada e
agora posta em marcha pela comunicação social como uma verdadeira
operação de PsyOps, montada pelo círculo íntimo do bandido e executada
pelos jornalistas e comentadores "amigos" e dependentes das prebendas
do poder (quase todos infelizmente, dado o estado do "jornalismo" que
temos).

Ora acredito que o plano de operações desta gente não deve andar muito
longe disto:

Narrativa: Se Portugal aprovasse o PEC IV não haveria nenhum resgate.

Verdade: Portugal já está ligado à máquina há mais de 1 ano (O BCE
todos os dias salva a banca nacional de ter que fechar as portas
dando-lhe liquidez e compra obrigações Portuguesas que mais ninguém
quer - senão já teriamos taxas de juro nos 20% ou mais). Ora esta
situação não se podia continuar a arrastar, como é óbvio. Portugal tem
que fazer o rollover de muitos milhares de milhões em dívida já daqui
a umas semanas só para poder pagar salários! Sócrates sabe
perfeitamente que isso é impossível e que estávamos no fim da corda.
O resto é calculismo político e teatro. Como sempre fez.

Narrativa: Sócrates estava a defender Portugal e com ele não entrava
cá o FMI.
Verdade: Portugal é que tem de se defender deste criminoso
louco que levou o país para a ruína (há muito antecipada como todos
sabem). A diabolização do FMI é mais uma táctica dos spin doctors de
Sócrates. O FMI fará sempre parte de qualquer resgate, seja o do
mecanismo do EFSF (que é o que está em vigor e foi usado pela Irlanda
e pela Grécia), seja o do ESM (que está ainda em discussão entre os 27
e não se sabe quando, nem se, nem como irá ser aprovado).
Narrativa: Estava tudo a correr tão bem e Portugal estava fora de
perigo mas vieram estes "irresponsáveis" estragar tudo. Verdade:
Perguntem aos contabilistas do BCE e da Comissão que cá estiveram a
ver as contas quanto é que é o real buraco nas contas do Estado e vão
cair para o lado (a seu tempo isto tudo se saberá). Alguém
sinceramente fica surpreendido por descobrir que as finanças públicas
estão todas marteladas e que os papéis que os socráticos enviam para
Bruxelas para mostrar que são bons alunos não têm credibilidade
nenhuma? E acham que lá em Bruxelas são todos parvos e não começam a
desconfiar de tanto óasis em Portugal? Recordo que uma das razões pela
qual a Grécia não contou com muita solidariedade alemã foi por ter
martelado as contas sistematicamente, minando toda a confiança. Acham
que a Goldman Sachs só fez swaps contabilísticos com Atenas? E todos
sabemos que o engº relativo é um tipo rigoroso, estudioso e duma ética
e honestidade à prova de bala, certo?

Narrativa: Os mercados castigaram Portugal devido à crise política
desencadeada pela oposição. Agora, com muita pena do incansável
patriota Sócrates, vem aí o resgate que seria desnecessário.

Verdade: É óbvio que os mercados não gostaram de ver o PEC chumbado (e que não
tinha que ser votado, muito menos agora, mas isso leva-nos a outro
ponto), mas o que eles querem saber é se a oposição vai ou não cumprir
as metas acordadas à socapa por Sócrates em Bruxelas (deliberadamente
feito como se fosse uma operação secreta porque esse aspecto era peça
essencial da sua encenação). E já todos cá dentro e lá fora sabem que
o PSD e CDS vão viabilizar as medidas de austeridade e muito mais. É
impressionante como a máquina do governo conseguiu passar a mensagem
lá para fora que a oposição não aceitava mais austeridade. Essa
desinformação deliberada é que prejudica o país lá fora porque cria
inquietação artificial sobre as metas da austeridade. Mesmo assim os
mercados não tiveram nenhuma reacção intempestiva porque o que os
preocupa é apenas as metas. Mais nada. O resto é folclore para consumo
interno. E, tal como a queda do governo e o resgate iminente não foram
surpresa para mim, também não o foram para os mercados, que já
contavam com isto há muito (basta ver um gráfico dos CDS sobre
Portugal nos últimos 2 anos, e especialmente nos últimos meses).
Porque é que os media não dizem que a bolsa lisboeta subiu mais de 1%
no dia a seguir à queda? Simples, porque não convém para a narrativa
que querem vender ao nosso povo facilmente manipulável (julgam eles
depois de 6 anos a fazê-lo impunemente).

Bom, há sempre mais pontos da narrativa para desmascarar mas não sei
se isto é útil para alguém ou se é já óbvio para todos. E como é 5ª
feira e estou a ficar irritado só a escrever sobre este assunto
termino por aqui. Se quiserem que eu vá escrevendo mais digam, porque
isto dá muito trabalho».

Henrique Medina Carreira.