domingo, 31 de maio de 2009

INFORMAÇÃO E PROPAGANDA


As notícias do Jornal de Sexta poderiam ser desmentidas, se fossem falsas.

As notícias do Jornal de Sexta poderiam ser ignoradas, se fossem irrelevantes.

As notícias do Jornal de Sexta poderiam ser silenciadas, se quem as faz temesse o juízo dos tribunais.

O problema é claro: as notícias do Jornal de Sexta são verdadeiras, são relevantes e a ameaça de processos revelou-se desastrosa para o autor.

Por isso, avançaram os especialistas em propaganda.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O SEU A SEU DONO

Hei-de voltar a este assunto, quando tiver lido a deliberação e as declarações de voto dos deliberantes.

Para ser verdadeiro, tenho pensado mais nos comentários "populares" sobre o jornal onde trabalho que circulam pela internet.

Portugal é o que é e os portugueses hão-de saber que "jornalismo" querem, como hão-de saber se estão satisfeitos com a educação, a justiça, a saúde, a banca, os índices de corrupção e por aí fora.

Ah!, já sei, temos uma grande "indústria" de futebol, exportadora de talentos. Deve ser isso.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A REFORMA PENAL

Família de menor espanca pedófilo

Foi identificado na Judiciária do Porto por várias crianças de uma escola de Gondomar, de quem terá abusado sexualmente, e deixou tranquilamente o edifício da PJ ao final da manhã – a lei não permitia aos inspectores prenderem o suspeito de pedofilia fora de flagrante delito. Mas este não andou ontem mais de cem metros até esbarrar em dois familiares de uma das vítimas, que o espancaram com um taco de basebol, vários socos e pontapés.

in Correio da Manhã, ilustração de Ricardo Cabral

É fácil para mim, como para qualquer um criado a mimos e papas e bolos, ser contra a violência, a justiça pelas próprias mãos e a pena de morte.

Mas há situações na vida que não se podem antecipar: só conheceremos a nossa reacção, o nosso "behavior", se um dia passarmos por elas.

Quando cobri o processo Casa Pia percebi até que ponto a nossa legislação penal esmaga as vítimas a coberto da defesa dos direitos dos arguidos.

Claro que qualquer um criado a mimos e papas e bolos e bons conselhos é a favor dos direitos humanos.

Mas a lei existe porque, no mundo real, é preciso resolver conflitos. Ora, a lei penal portuguesa, ao tempo do processo Casa Pia, já revelava mais capacidade para criar violência do que para a suspender.

Não contentes, os pereiras desta terra fizeram uma lei penal ainda mais absurda.

E agora, vão culpar os polícias e magistrados a quem foi preciso "partir a espinha"? Falar pela milésima vez da crise da Justiça na televisão? Vão p
render os autores do "espancamento popular"? Fazer de nós parvos mais um bocadinho, não é?

Começo a convencer-me de que já estamos habituados.

PORTUGAL D'HOJE COMO HÁ DEZ ANOS

«Em Portugal já não se usam palavras. Usam-se meias palavras para tudo, do insulto ao elogio, da ordem à sugestão. A palavra de ordem é não hostilizar, contemporizar, dialogar, negociar, enganar, se for preciso! – mas não agitar.

Ser politicamente correcto é, nos dias de hoje, tão imprescindível como o telemóvel. Quem não é não está contactável. Pior: não é contactável.

Todas as suas perguntas têm cabimento no JornalD’Hoje. A nossa função é essa, perguntar e obter resposta às perguntas. E quando os senhores que se sentam na coisa pública como se fosse só deles torcerem o público nariz de desagrado pela insistência (...) há sempre uns que se calam.

Gostaria de dizer aos leitores deste jornal que há sempre uns quantos outros que perguntam outra vez o que querem saber e mais outra e outra (...) até à resposta final. E que depois vão confirmar a resposta.

Têm um nome, esses. Chamam-se jornalistas. Bem vindo ao mundo da informação regional, com qualidade nacional.»

RUI VASCO NETO
Editorial do número zero do Jornal D'Hoje
9 de Dezembro de 1999

Quem quiser saber melhor como foi há dez anos, faça o favor de se divertir.

Quem quiser saber como é hoje, faça o favor de abrir os olhos.

sábado, 9 de maio de 2009

JORNAL DE SEXTA (2)

Numa operação de serviço público aos interessados em dar trabalho a tribunais e serviços de informações aqui se oferece a prova do crime e uma fotografia dos responsáveis.

O crime foi o Jornal de Sexta ter feito um ano e ser o órgão de informação mais visto pelos portugueses.

Os responsáveis, da direita para a esquerda: Rui Araújo, Pedro Veiga, Carlos Filipe Mendonça (em baixo), Hugo Matias, Nuno Ramos de Almeida, Manuela Moura Guedes, António Prata (o chefe de redacção que põe sempre a mão no assunto), Vítor Bandarra, Maria João Figueiredo e este que se assina.

Toda a redacção é cúmplice mas, que me lembre agora, alguns dos mais cadastrados escaparam à prova fotográfica: a Ana Leal foi apanhar um avião, a Alexandra Borges um intercidades para a Cova da Beira, o Pedro Rosmaninho anda à procura de um aeroporto no Alentejo e a Cristina Carranca pode estar em qualquer lado.

A parte mais divertida do jornal são as reuniões numa salinha à prova de escutas e permeável a piadas e histórias surrealistas.

O maior orgulho é que todas as semanas mais pessoas escrevem e telefonam a contar notícias.

O problema do Prata é que as reportagens são sempre grandes demais, o da João é que nunca estão prontas a tempo (eu sou o maior culpado) e o dos jornalistas todos é ficarem sempre por emitir metade das peças. Trabalhos a mais, é o que é.

Quantos aos processos de que se fala, como se pode ver pelo postal anterior, ainda não chegaram. Mas hão-de vir, porque Justiça em Portugal, como toda a gente sabe, tarda - mas não falha.

JORNAL DE SEXTA







terça-feira, 5 de maio de 2009

PORTUGAL CHEIRA MAL


A reportagem da Alexandra Borges pode ser vista aqui. É sobre a lixeira da Cova da Beira que não é só da Cova da Beira.
O julgamento dos factos não arquivados está marcado para a próxima legislatura.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

MUITO PROVAVELMENTE

Se, neste caso de “guerra da informação”, o “ziel” era embrulhar o nome do PM num processo judicial e na berlinda mediática (explorando a sede justicialista de certos media e seus profissionais e uma velha “guerra” e ódios na corporação da magistratura), o “zweck” seria, obviamente, levá-lo a perder uma pequena parte do seu eleitorado, pequena mas suficiente para lhe retirar a maioria absoluta...

O “caso Freeport” será desvendado e Sócrates, muito provavelmente, limpo das suspeitas sobre ele lançadas... A Justiça fará o seu trabalho! Mas, para a “guerra de informação” e seus promotores, isso não interessa nada. Mesmo nada!

O “ziel” foi alcançado e, muito provavelmente, o “zweck” também...


José Mateus, in Claro

Passei os últimos dias intrigado. Não entendi o excesso de dramatização operado pelos spin doctors de José Sócrates a propósito da escaramuça que envolveu o candidato independente Vital Moreira, que no 1º de Maio chefiou uma delegação do PS ao comício da CGTP.

Escrevi excesso porque a dramatização, até um certo ponto, era previsível. Qualquer intimidação, em democracia, mete nojo à maioria como me mete a mim. E o papel da vítima é sempre credor de simpatias. Mas o excesso produz novas vítimas, credoras elas próprias do seu quinhão de solidariedade cívica. É o caso do PCP, que se apresenta agora como vítima de uma calúnia e pode apontar altos nomes aos carrascos (Sócrates, Vitalino, etc.), sem precisar de exercícios hermenêuticos de adivinhação da filiação partidária de um punhado de anónimos.

Vistas e revistas as imagens desconfio que, no limite, o PCP vai lucrar mais com o elevado debate em torno da escaramuça. Ainda se Vital Moreira tivesse mesmo sido vítima de uma agressão física, ou se não houvesse declarado logo que era o novo Mário Soares da Marinha Grande...

Estava eu nesta confusão, quando li esta sondagem. Lembrei-me logo do post do meu amigo José Mateus. Ele, muito contra a corrente, chama incompetentes aos spin doctors do primeiro-ministro. Trata-os como "relações públicas" e acusa-os de se "deixarem levar", supremo pecado em comunicação.

Claro que não estou de acordo com a análise dele ao "caso Freeport", a que eu nunca chamo "caso", mas "processo". Não confundo é o que, para mim, é essencial e acessório, quase instrumental, no texto dele.

A resposta a esta última parte reservo-a para o título deste comentário: sem sede nenhuma, nem partidária nem de água, e com um abraço ao José Mateus.