terça-feira, 17 de março de 2009

DEMOCRACIA E MAIORIAS


Esta edificante história democrática conta-se em duas penadas.

Há seis meses, oito enfermeiros supervisores da linha Saúde 24 denunciaram à ministra da Saúde uma série de factos. Apesar de serem funcionários subordinados de uma empresa da toda poderosa Caixa Geral de Depósitos, que como se sabe usa pessoas e dinheiro sem escrúpulos, todos assinaram o que escreveram.

Num país habituado a cartas anónimas, o mínimo que se esperaria de uma ministra saída do grupo de Manuel Alegre é que, por lacónima que fosse, acusasse a recepção.

E o mínimo a que era obrigada, porque ocupa um lugar de Estado, é que verificasse se os factos eram verdadeiros ou falsos.

Dupla negativa.

Sucede que todos os factos denunciados que foram objecto de atenção noticiosa se revelaram verdadeiros, o que implica quebras contratuais da excusiva responsabilidade da empresa gestora, que reiteradamente mentiu à Direcção-Geral da Saúde, a entidade contratante.

Não foi até hoje possível desmentir um único facto.

O
discurso oficial de que a linha "funciona bem" é pura propaganda, como se percebeu quando milhares de portugueses ficaram por atender durante o surto de gripe.

A empresa, governada por um daqueles gestores manhosos à antiga, chamado Ramiro Martins, tratou de usar todo o poder discricionário que o dinheiro do Estado e a lentidão dos tribunais lhe permitem para perseguir pessoas que assinam o que escrevem num país de cartas anónimas.

Há uns tipos assim, que mandam porque mandam, mesmo que não tenham competência para nada, como o próprio Director-Geral da Saúde já disse aos senhores deputados e a quem mais o quis ouvir.

Claro que os deputados não são parvos e já perceberam quem está a mentir. Mas o PS chumbou hoje a audição dos enfermeiros supervisores porque há verdades que incomodam.

Como tem a maioria, decide sozinho quem fala na casa da Democracia. É por isso que é preciso mais uma, não é?

4 comentários:

Anónimo disse...

Democracia e controle dos media ..

O dia 25 de Abril está quase à porta mas alguns hábitos antes 25 de Abril persistem, infelizmente.

Veja-se que nas reportagens os Enfermeiros eram citados como funcionários...!

Ano de eleições a quanto obrigas...

Unknown disse...

PS. já consta nos nossos links para visitas frequentes (cogitando)

lucio disse...

Estamos na era da inovação, de coisas inéditas, empreendorismo e tecnologia, etc... A direcção geral da Saúde, disse que as preocupações dos deputados eram as suas, mas... é refém de um contrato de 4 anos com um prestador privado... INOVADOR...!

Anónimo disse...

É muito mau que os deputados que foram visitar a Saúde 24 e que o Director Geral Francisco George não tenham ainda questionado a empresa porque é que os enfermeiros estão todos a recibo verde. Contratos ilegais devem ser combatidos mesmo quando é a da conveniência dos trabalhadores. Não estão em causa as razões que levaram à denúncia da situação mas a intervenção do Estado devia ser para resolver todas as ilegalidades.