segunda-feira, 4 de maio de 2009

MUITO PROVAVELMENTE

Se, neste caso de “guerra da informação”, o “ziel” era embrulhar o nome do PM num processo judicial e na berlinda mediática (explorando a sede justicialista de certos media e seus profissionais e uma velha “guerra” e ódios na corporação da magistratura), o “zweck” seria, obviamente, levá-lo a perder uma pequena parte do seu eleitorado, pequena mas suficiente para lhe retirar a maioria absoluta...

O “caso Freeport” será desvendado e Sócrates, muito provavelmente, limpo das suspeitas sobre ele lançadas... A Justiça fará o seu trabalho! Mas, para a “guerra de informação” e seus promotores, isso não interessa nada. Mesmo nada!

O “ziel” foi alcançado e, muito provavelmente, o “zweck” também...


José Mateus, in Claro

Passei os últimos dias intrigado. Não entendi o excesso de dramatização operado pelos spin doctors de José Sócrates a propósito da escaramuça que envolveu o candidato independente Vital Moreira, que no 1º de Maio chefiou uma delegação do PS ao comício da CGTP.

Escrevi excesso porque a dramatização, até um certo ponto, era previsível. Qualquer intimidação, em democracia, mete nojo à maioria como me mete a mim. E o papel da vítima é sempre credor de simpatias. Mas o excesso produz novas vítimas, credoras elas próprias do seu quinhão de solidariedade cívica. É o caso do PCP, que se apresenta agora como vítima de uma calúnia e pode apontar altos nomes aos carrascos (Sócrates, Vitalino, etc.), sem precisar de exercícios hermenêuticos de adivinhação da filiação partidária de um punhado de anónimos.

Vistas e revistas as imagens desconfio que, no limite, o PCP vai lucrar mais com o elevado debate em torno da escaramuça. Ainda se Vital Moreira tivesse mesmo sido vítima de uma agressão física, ou se não houvesse declarado logo que era o novo Mário Soares da Marinha Grande...

Estava eu nesta confusão, quando li esta sondagem. Lembrei-me logo do post do meu amigo José Mateus. Ele, muito contra a corrente, chama incompetentes aos spin doctors do primeiro-ministro. Trata-os como "relações públicas" e acusa-os de se "deixarem levar", supremo pecado em comunicação.

Claro que não estou de acordo com a análise dele ao "caso Freeport", a que eu nunca chamo "caso", mas "processo". Não confundo é o que, para mim, é essencial e acessório, quase instrumental, no texto dele.

A resposta a esta última parte reservo-a para o título deste comentário: sem sede nenhuma, nem partidária nem de água, e com um abraço ao José Mateus.

2 comentários:

Anónimo disse...

A utilização da expressão campanha negra serviu apenas para dar corpo e dimensão à vítima ao mesmo tempo que definia os atacantes como poderosos. Os estrategas de Sócrates não estiveram nem estão mal, estão bem, bem como nunca estiveram outros em Portugal. Deixam encher o "caso" para, quando realmente contar, pouco antes das legislativas, se "notificar" os portugueses de que não se pode provar nada contra Sócrates. E, depois, os séculos em que os eleitores portugueses andaram a ser alimentados a piedade cristã vão fazer o resto. O Freeport é o grande trunfo eleitoral do PM. Em vez de Clauzewitz, os spin doctors de Sócrates foram a Mao tirar os detalhes do plano, estão a jogar com o tempo. Só têm de estar atentos ao calendãrio, o resto corre tudo quase sem impulso externo. Só o MP pode estragar a festa, mas acho que isso já está tratado. Alias, a escolha de Vital Moreira para as europeias é parte desta lógica. É para perder as eleições e esvaziar parte da vontade de castigar o governo. No momento de ir às urnas nas legislativas a raiva será menor. É tudo muito "CLARO"!
RIBO

dalmata disse...

José Martí "A liberdade custa muito caro e temos ou de nos resignarmos a viver sem ela ou de nos decidirmos a pagar o seu preço".

Alguns, muitos, não querem pagar esse preço...