sábado, 12 de dezembro de 2009

JORNALISMO E MEMÓRIA

« "Dada a precariedade, estarão os jornalistas mais dependentes?

Estamos na época do Jornalismo de 'low-cost'. Em Portugal, as empresas desprezam e desfazem-se dos mais experientes e qualificados. Sabe que o ex-director do "Washington Post", Ben Bradlee, hoje com mais de 80 anos, continua a ir todos os dias para o jornal, onde tem o seu gabinete e é ouvido sobre questões importantes? Em Portugal, não se investe na melhoria dos recursos humanos das redacções. Curiosamente, as empresa de comunicação vão ao mercado buscar jornalistas qualificados. E então temos hoje um cenário curioso: redacções escassas em pessoas e meios e empresas de comunicação bem organizadas. A continuar assim, não é o jornalismo que está em causa - é a própria democracia.

Por que dedica esta obra a João Mesquita?

Era um grande amigo e um jornalista apaixonado de antes quebrar que torcer. Dos incómodos, percebe? Mas, para além disso, foi uma pessoa com quem conversei horas a fio sobre o projecto deste livro. E mesmo na fase da preparação das entrevistas, trocámos muitas impressões. E sempre foi um jornalista e um cidadão muito preocupado com as questões da memória. É nestes momentos que me ocorre aquele fragmento do Mário Sá-Carneiro: "Morrem cedo os que os deuses amam". »


João Figueira, autor de "Jornalismo em Liberdade", in JN

P.S.: Todos os dias me lembro do João, como me lembro do Torcato. Preferia lembrá-los só pelas infinitas memórias pessoais que me deixaram. Mas lembro-me muito deles por causa do desgraçado momento que este país e a nossa profissão atravessam. CE

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