Carlos Enes, jornalista.
carlosfrancoenes@gmail.com
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
A LUCRÉCIA
A Lucrécia, estrela triste de uma reportagem sobre listas de espera, o meu respeito.
Três anos praticamente cega à espera de uma cirurgia às cataratas.
Será que tem mesmo de ser assim?
6 comentários:
Anónimo
disse...
Durante a reportagem existiu um momento que me chamou bastante à atenção, “o momento em que o idoso transporta a esposa (a D. Lucrécia) da cadeira de rodas para o sofá”.
Durante esta operação foram visíveis dois aspectos: 1º - dificuldade em fazer o levante, transporte e posicionamento pois a operação foi efectuada de forma incorrecta, com esforço acrescido e com muitas probabilidades em criar lesões ao nível das costas ao esposo, como alternativa o esposo deveria colocar uma perna no meio das pernas da idosa (D. Lucrécia) para fazer a rotação; 2º - era visível que a idosa (D. Lucrécia) usava fraldas, caso estas estivessem bem colocadas tal não era preceptivo.
É apenas a ponta do icebergue, um caso isolado que representa milhares de situações vividas por muitas pessoas que têm a seu cargo familiares doentes e/ou idosos.
São as situações decorrentes do dia-a-dia, básicas, elementares, repetitivas, que estão a ser feitas sem terem em atenção os procedimentos correctos tanto paro o acamado como para o familiar que os está a executar, originando o agravamento da situação do doente e com frequência no familiar que o está a prestar os cuidados.
Neste âmbito propus à RTP, à mais de um mês, apresentar Rubricas Pedagógicas sobre esta temática, naturalmente (ou não) a resposta não apareceu.
É fácil fazerr criticas aos outros, agora quando se pode e deve fazer algo para melhorar o bem estar, a inércia prevalece.
Deviam mostrar mais vezes a realidade. Por um lado, portugueses à rasca, do outro políticos mais preocupados em pintar a realidade e atirar areia para os olhos de toda a gente.
Cabe ao Governo fiscalizar a produtividade dos serviços de saúde mas também pugnar pelo seu bom funcionamento. Choca-me que ninguém pergunte qual o verdadeiro motivo de termos chegado a este estado em relação às listas de espera.
Durante anos, e infelizmente ainda dura, os blocos operatórios funcionaram a um quinto da sua capacidade no que respeita a cirurgias programadas. Ninguém pergunta porquê, por falta de médicos? Não. Simplesmente porque é muito mais apetecível trabalhar no privado em horas que deveriam estar a cumprir o seu horário no SNS, é muito mais apetecível trabalhar metade do horário e assinar horário completo.
De facto cabe ao Governo, não ao Estado porque esse somos todos nós, fiscalizar essas situações, mas não caberá também aos médicos o dever moral e profissional de assumir uma boa parte da culpa? De se comportarem à altura da profissão que têm?
A vergonha para esta classe é que quando surgiram os programas de recuperação de listas de espera os médicos operavam estas cirurgias em horário normal recebendo as correspondentes horas extraordinárias, engrossando ainda mais a lista de cirurgias programadas.
Sei muito bem do que falo, não serão todos como é óbvio mas uma boa parte.
O Governo devia ter actuado? Claro que sim até porque o Gabinete do Ministro da Saúde tinha conhecimento destas situações.
O Bastonário da Ordem dos Médicos está chocado com esta situação? Também eu, a única diferença é que não sou hipócrita e não assobio para o lado...
6 comentários:
Durante a reportagem existiu um momento que me chamou bastante à atenção, “o momento em que o idoso transporta a esposa (a D. Lucrécia) da cadeira de rodas para o sofá”.
Durante esta operação foram visíveis dois aspectos:
1º - dificuldade em fazer o levante, transporte e posicionamento pois a operação foi efectuada de forma incorrecta, com esforço acrescido e com muitas probabilidades em criar lesões ao nível das costas ao esposo, como alternativa o esposo deveria colocar uma perna no meio das pernas da idosa (D. Lucrécia) para fazer a rotação;
2º - era visível que a idosa (D. Lucrécia) usava fraldas, caso estas estivessem bem colocadas tal não era preceptivo.
É apenas a ponta do icebergue, um caso isolado que representa milhares de situações vividas por muitas pessoas que têm a seu cargo familiares doentes e/ou idosos.
São as situações decorrentes do dia-a-dia, básicas, elementares, repetitivas, que estão a ser feitas sem terem em atenção os procedimentos correctos tanto paro o acamado como para o familiar que os está a executar, originando o agravamento da situação do doente e com frequência no familiar que o está a prestar os cuidados.
Neste âmbito propus à RTP, à mais de um mês, apresentar Rubricas Pedagógicas sobre esta temática, naturalmente (ou não) a resposta não apareceu.
É fácil fazerr criticas aos outros, agora quando se pode e deve fazer algo para melhorar o bem estar, a inércia prevalece.
Sem mais, cordiais cumprimentos,
Rui Francisco
919 857 733
Deviam mostrar mais vezes a realidade. Por um lado, portugueses à rasca, do outro políticos mais preocupados em pintar a realidade e atirar areia para os olhos de toda a gente.
Quem disse que o jornalismo não deve ter causas, não sabe nada de gente e da vida. Bom trabalho.
carlos,
espreita esta alteração na língua portuguesa: vê como cosido à portuguesa se escreve com 's'.
abraço.
http://setevidascomoosgatos.blogspot.com/2008/01/makarov-fava-e-brinde.html
Cabe ao Governo fiscalizar a produtividade dos serviços de saúde mas também pugnar pelo seu bom funcionamento. Choca-me que ninguém pergunte qual o verdadeiro motivo de termos chegado a este estado em relação às listas de espera.
Durante anos, e infelizmente ainda dura, os blocos operatórios funcionaram a um quinto da sua capacidade no que respeita a cirurgias programadas. Ninguém pergunta porquê, por falta de médicos? Não. Simplesmente porque é muito mais apetecível trabalhar no privado em horas que deveriam estar a cumprir o seu horário no SNS, é muito mais apetecível trabalhar metade do horário e assinar horário completo.
De facto cabe ao Governo, não ao Estado porque esse somos todos nós, fiscalizar essas situações, mas não caberá também aos médicos o dever moral e profissional de assumir uma boa parte da culpa? De se comportarem à altura da profissão que têm?
A vergonha para esta classe é que quando surgiram os programas de recuperação de listas de espera os médicos operavam estas cirurgias em horário normal recebendo as correspondentes horas extraordinárias, engrossando ainda mais a lista de cirurgias programadas.
Sei muito bem do que falo, não serão todos como é óbvio mas uma boa parte.
O Governo devia ter actuado? Claro que sim até porque o Gabinete do Ministro da Saúde tinha conhecimento destas situações.
O Bastonário da Ordem dos Médicos está chocado com esta situação? Também eu, a única diferença é que não sou hipócrita e não assobio para o lado...
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