Foi identificado na Judiciária do Porto por várias crianças de uma escola de Gondomar, de quem terá abusado sexualmente, e deixou tranquilamente o edifício da PJ ao final da manhã – a lei não permitia aos inspectores prenderem o suspeito de pedofilia fora de flagrante delito. Mas este não andou ontem mais de cem metros até esbarrar em dois familiares de uma das vítimas, que o espancaram com um taco de basebol, vários socos e pontapés.
in Correio da Manhã, ilustração de Ricardo Cabral
É fácil para mim, como para qualquer um criado a mimos e papas e bolos, ser contra a violência, a justiça pelas próprias mãos e a pena de morte.
Mas há situações na vida que não se podem antecipar: só conheceremos a nossa reacção, o nosso "behavior", se um dia passarmos por elas.
Quando cobri o processo Casa Pia percebi até que ponto a nossa legislação penal esmaga as vítimas a coberto da defesa dos direitos dos arguidos.
Claro que qualquer um criado a mimos e papas e bolos e bons conselhos é a favor dos direitos humanos.
Mas a lei existe porque, no mundo real, é preciso resolver conflitos. Ora, a lei penal portuguesa, ao tempo do processo Casa Pia, já revelava mais capacidade para criar violência do que para a suspender.
Não contentes, os pereiras desta terra fizeram uma lei penal ainda mais absurda.
E agora, vão culpar os polícias e magistrados a quem foi preciso "partir a espinha"? Falar pela milésima vez da crise da Justiça na televisão? Vão prender os autores do "espancamento popular"? Fazer de nós parvos mais um bocadinho, não é?
Começo a convencer-me de que já estamos habituados.
1 comentário:
Pois é, isto da reforma penal não me convence. quando mais estudo o assunto mais me assusto...
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