quinta-feira, 24 de junho de 2010

ÀS VOLTAS NO SNS


Nunca fui um entusiasta dos casos particulares no jornalismo, pese embora trabalhar na televisão. Mas a saga de Rui Baptista no Serviço Nacional de Saúde parece-me particularmente luminosa na sua tragédia. Cá temos um pequeno retrato de um paradigma de governação estafado que despeja dinheiro sobre os problemas, sem os resolver. Quanto se desperdiçou com a gripe A, que mata menos do que a gripe normal? Só em vacinas, cuja eficácia não estava e não está demonstrada, foram 45 milhões. O que se poderia fazer com esse dinheiro? E quanto se pouparia se houvesse regras mínimas, por exemplo, de prescrição? É permitido receitar no ambulatório quatro antibióticos em quatro dias (até quinolonas). É permitido atender um doente uma, duas, três, quatro, cinco vezes sem o examinar seriamente e, já agora, tratar. Claro que assim os hospitais privados podem cobrar o que quiserem. Pela prosaica razão de que ninguém está disposto a morrer aos 28 anos porque o sistema informático está avariado, porque o aparelho de medir oxigénio está fechado e a médica não tem a chave, porque chamadas telefónicas e um roteiro turístico pelos centros de saúde não curam ninguém.

1 comentário:

Paulo Varela disse...

Em que pé está a queixa na ERS sobre a escandalosa factura dos SAMS?